Criatividade, Gatinhos e Batman

Paulo Potiguar
5 min readJul 18, 2018

Acredito de verdade que a criatividade é um dom nato de todo e qualquer ser humano, afinal, criatividade nada mais é do que fundir dois conceitos diferentes para solucionar um problema.

E a solução criativa pra mim, nada mais é do que não se contentar com a primeira resposta certa. É ir um pouco mais além. Afinal, uma solução criativa precede criação, criar algo não pensado antes.

Qual é a solução para que seu filho coma mais verduras? Você pode simplesmente mandar nele e obrigá-lo a comer. Isso dá certo? Creio que sim, seu filho vai acabar comendo para não ficar de castigo. Então essa seria a primeira resposta certa para esse problema, se queremos ser criativos, temos que ir além, e no lugar de simplesmente obrigar seu filho, você poderia desenhar no prato dele utilizando as verduras, associando coisas boas com o hábito de comer verduras.

E para mim, é aí que a criatividade mostra que é um dom a serviço de todos, nos pequenos problemas, dentro da nossa rotina. Não precisamos usar criatividade para solução de problemas enormes. É aí que entra a história de um gato na minha vida.

BCATMAN

Em um sábado a tarde, estava saindo com a minha noiva do apartamento dos meus pais quando escutamos um meado. Achamos muito estranho, afinal estávamos no primeiro andar do prédio. Ao abrir a porta da escada, vimos que era um gatinho, bem pequeno e de pelo malhado. Estava preso na escada e logo começou a subir de medo quando nos avistou.

Então disse a minha namorada que iria subir para o terceiro andar pelo elevador e descer as escadas para ele ir descendo também. Enquanto isso minha noiva iria para a portaria deixar a porta da escada aberta para o gato fugir. Eis que o gato passa direto da portaria e vai para o subsolo, a garagem do prédio.

Lá na garagem não tivemos muito o que fazer. Quando corria atrás dele ele entrava na escada por uma abertura de cobogó. Quando corria atrás dele na escada, ele voltava para a garagem pela mesma abertura. Ficamos sem ter o que fazer e fomos embora com pena do gato que estava preso na garagem.

No sábado a noite, quando estávamos saindo novamente para eu ir deixar minha noiva em casa, escutamos novamente o gato meando. Ele ainda estava preso na garagem. Tentamos ir atrás dele para ver se ele ia para o portão, mas não adiantou, ele se escondia.

No domingo a noite escutamos novamente ele meando, e decidimos pensar de forma diferente. Sabendo que o bichinho estaria morrendo de fome, pegamos um pouco de frango e começamos a jogar pedacinhos para ele, de pouquinho a pouquinho, para que ele andasse caminhando para o portão.

Mas o gatinho era muito novo, tinha muita dificuldade em ver o pedacinho de frango, que não podia ser grande pra ele não se engasgar. Ficava cheirando, meando e desesperado procurando a comida, e não via quando a gente jogava a comida novamente. Se chegássemos muito perto, ele fugia novamente.

Com muita persistência conseguimos fazer com que ele fosse para perto do portão, mas ao abrir o portão, que é daqueles elétricos, lá vai ele fugir novamente. Deixamos o portão aberto logo e fomos lá jogando o frango de novo. Mas quando ele estava quase saindo da garagem, passando do portão, um carro precisou entrar na garagem. AAAAAAAAAAAAAAAAAA. Que desespero.

Nesse ponto eu já tinha visto que isso não estava dando certo. Já tinha dado a ideia a minha namorada de amarrar um pedaço maior de frango em um barbante ou algo do tipo e ir puxando cada vez que ele chegasse perto. Foi quando ela disse para eu tentar fazer essa “armadilha”.

Quando subi não sabia ao certo como faria para amarrar o pedaço de frango. Mas fui mesmo assim tentar. Lembrei que poderia usar um fio dental. E assim fiz.

A armadilha foi um sucesso. Além de ser uma comida, gatos adoram brincar e caçar coisas que se movem. Quando ele se aproximava do pedaço, eu puxava mais um pouco. E com pouco tempo, ele estava livre da garagem. Desfiamos mais um pouco de frango lá fora para ele ficar comendo e entramos novamente na garagem fechando o portão.

O bichinho ficou tentando entrar ainda, querendo voltar para o local que foi sua casa por dois dias. Mas logo depois foi ficar em umas plantas próximas do prédio.

As chances de ele sobreviver eram bem maiores no mundo livre do que preso na garagem do meu prédio. Infelizmente não podia pegá-lo para criar e muito menos ficar dando comida a ele na garagem, afinal, não é uma área que seja apenas minha.

Por ser um gato tão sorrateiro, decidimos apelidá-lo de Batman. E desde então não o avistamos mais. Ficamos na esperança de que a mãe dele o tenha reencontrado e que Batman esteja de algum modo bem.

Tem gente que diz que você não escolhe Gato, mas o Gato que escolhe você. E acredito que isso aconteceu no dia em que escutei Batman meando na escada. Fiquei com muita vontade de adotá-lo, mas infelizmente as circunstâncias não permitiram.

Fui dormir feliz, me contentando com o pensamento que Batman é pobre, porém livre.

E dessa pequena e simplória história. Retirei importantes lições.

Primeiro que você não precisa ficar esperando que outras pessoas resolvam as coisas, você mesmo pode tomar a frente e resolver. Esse gato precisava sair da garagem, tanto pelo bem estar dele, quanto dos condôminos. E todo mundo ficava esperando alguém que resolvesse, ou que algo magicamente acontecesse. Minha noiva fez questão de não me deixar esperando, e resolvemos o problema nós mesmo.

Segundo, algo que já adiantei anteriormente, não se contente com a primeira resposta certa. Tente ir além, use a criatividade também para resolver os pequenos problemas do seu dia a dia. Sinto particular orgulho da solução com um pedaço de frango e um fio dental.

VEM NI MIM

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